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sábado, 2 de julho de 2011

As Idades da Vida

                                                                 
Os textos da Idade Média traziam a ideia de que a primeira idade é a infância que planta os dentes. Essa idade se dá quando a criança nasce e dura até os 7 anos, ela é chamada de enfant, que significa não-falante, pois, como diz no livro "História social da criança e da família" de Philippe Asiès,  nessa idade a pessoa não falava bem e não formava claramente suas palavras. Depois disso, chega a segunda idade, que dura até os 14 anos, quando chega à adolescência, que segundo Constantino se encerra aos 21 anos, mas, porém, segundo Isidoro se estende até os 28 anos. O crescimento podia terminar antes mesmo dos 30, 35 anos, devido ao trabalho precoce que abalava adiantadamente o organismo humano. Até os 45, 50 durava-se a juventude, que era assim chamada devida á força que estava no cidadão para ajudar a si mesma e aos outros. Isidoro nomeia de gravidade, a idade da senectude, que estava entre a juventude e a velhice, porque nessa idade a pessoa é grave nos costumes e nas maneiras. Até os 70 anos ou até a morte dava-se a velhice e a última fase dessas seria chamada de senies, em que o velho está sempre tossindo e escarrando. 


Um gênero de correspondência sideral havia inspirado uma periodização ligada aos 12 signos do zodíaco, que relacionava as idades da vida com um dos temas populares da Idade Média: as cenas do calendário. 


Essas terminologias utilizadas, que hoje nos passa uma impressão tão vazia traduzia noções que na época eram científicas e correspondiam a um sentimento popular e comum da vida. Para o homem de outra época a vida consistia numa continuidade inevitável e cíclica e para nós, hoje em dia, a vida é considerada como um fenômeno biológico, algo que não possui nome e que procuramos nomear.


Na sociedade antiga, a velhice começava cedo, os velhos de Molière, nem eram tão velhos assim e nos pareceriam bem mais jovens do que como eram classificados. A velhice dava-se pela perda de cabelo e uso de barba, como por exemplo, o ancião no concerto de Ticiano, que é também uma representação das idades da vida. 


Na França antiga, a velhice não era respeitada, era considerada como a idade dos livros, do recolhimento, da devoção e da caduquice, de modo que nos séculos XVI e XVII a imagem do homem integral era a de um homem jovem, não propriamente um rapaz na época, mas hoje poderia ser considerado assim. 


Hoje, segundo o livro citado, a velhice desapareceu, pelo menos do francês falado, em que velho tinha um significado pejorativo. A evolução aconteceu em duas etapas: havia o ancião respeitado, aquele ancestral de cabelos de prata, o Nestor que transmitia sábios conselhos e o patriarca de importantes experiências. A segunda etapa foi o desaparecimento do ancião, que foi trocado por “homem de certa idade” e “senhores bem conservados”.

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